Enclosure - Cercamento
CERCAMENTOS – ENCLOSURES
Palavra Inglesa que se refere ao cercamento dos campos abertos e que constituiu um dos fatores essências para as transformações na estrutura agrária da Inglaterra a partir do século XVI. Até então, de modo geral, as terras divididas em open fields (“campos abertos”) e common lands (“terras comuns”). Os campos abertos, possuídos a título individual, admitiam também o arrendamento a terceiros (copyholdres) na qualidade de posseiros. Os lotes de terras, na sua maioria, penetravam uns nos outros, o que não só dificultava o cercamento de cada lote como também obrigava a existência de numerosos caminhos de acesso. Na agricultura, tal situação impossibilitava a identificação da produção individual, pois tornava inevitável o caráter coletivo do plantio. A divisão dos lotes em três partes destinadas ao cultivo buscava, na Idade Média, a preservação da rentabilidade do solo. Os campos de repouso, na entressafra, transformam-se em áreas coletivas de pastagens onde os posseiros ou proprietários podiam deixar o gado. Nas terras comuns, por sua vez, as populações mais carentes desfrutavam de vários direitos, sendo permitido que nelas pastassem três animais de cada família sem propriedades. Os enclosures, ou seja, o cercamento dessas terras, abertas ou comuns, permitiam aos proprietários separá-las. Com isso, a terra ficou extremamente valorizada, especializou-se a produção e favoreceu-se a aplicação de capitais. Embora existisse cercamento de pequenas propriedades (sítios, granjas), predominaram os enclosures de grandes propriedades, mormente as que destinavam à indústria de lã, visto que a criação de carneiros exige grandes áreas de pastagem em contrapartida a diminuição de mão-de-obra. A monarquia inglesa procurou conter, sem grande sucesso, o desemprego que os cercamentos ocasionavam. Os enclosures continuaram em vigor no século XVIII, alcançando o seu clímax no início do século XIX. O cercamento dos campos foi um dos principais agentes das grandes transformações econômicas da estrutura agrária inglesa e mesmo mundial. A formação de grandes propriedades decorrente deste sistema trouxe a amplificação dos investimentos capitalistas no campo, alterando as relações de trabalho e os métodos de produção.
AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. DICIONÁRIO DE NOMES, TERMOS E CONCEITOS HISTÓRICOS. 3a ed, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999. pp 173.
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