Quando entro em sala de aula para falar de História, costumo lembrar aos meus alunos que ela não se resume a datas, nomes de reis ou grandes batalhas. A História é feita de gente. E gente carrega sentimentos, sonhos, dores e memórias.Pense comigo: quando os espanhóis chegaram às Américas, não trouxeram apenas armas e soldados. Trouxeram também um projeto de poder. Não se contentaram em conquistar territórios, queriam também dominar as lembranças, as formas de viver e até a fé das pessoas que já estavam aqui.
Cidades
inteiras foram destruídas para dar lugar a outras (Vimos isto e Pachamama).
Onde antes havia templos e palácios astecas, ergueram igrejas e praças
coloniais. Não era só uma mudança de paisagem: era uma forma de dizer “a partir
de agora, o que importa é a nossa história, não a de vocês”. Recomendo que
leiam: O perigo da história única de Chimamanda Adichie.
Esse
mesmo silêncio forçado atingiu milhões de africanos que foram arrancados de
suas terras e trazidos como escravizados. Aqui, não só perderam sua liberdade,
mas também foram proibidos de falar suas línguas, de manter suas crenças e de
viver suas tradições. Era uma tentativa cruel de apagar sua identidade, de
romper a memória que os unia às suas origens. Mas há algo que os poderosos da
época não entenderam: memória não morre fácil. Mesmo quando tentam sufocá-la,
ela encontra caminhos para respirar. Ela se esconde em uma dança, reaparece em
um canto, resiste em uma festa popular ou em uma reza dita baixinho. Ela está
no orgulho de continuar sendo quem se é, apesar de tudo.
Por
isso, falar de passado não é apenas olhar para trás. É também olhar para o
agora. Até hoje, povos indígenas e comunidades negras lutam para manter suas
memórias vivas e para que suas vozes sejam respeitadas. E a nós cabe a
responsabilidade de escutar, de aprender e de valorizar.
Afinal,
a História não é só aquilo que lemos nos livros. A História pulsa nas pessoas.
Ela está viva, e continua sendo escrita todos os dias por mim, por você, por todos nós
Postar um comentário