o jogo de bola
mesoamericano foi o mais importante esporte ritualístico das antigas
civilizações da Mesoamérica. Podia durar dias terminando, quase sempre, com o
sacrifício do capitão ou de toda equipe.Vestígios arqueológicos do jogo de bola
Foram encontrados campos do jogo de bola mesoamericano em diferentes culturas
da América do Norte e Central, A maior quantidade concentra-se no México, onde
existem cerca de 1500 campos de jogo de bola o que evidencia a importância
dessa atividade entre as culturas dessa região.
O jogo de bola
mesoamericano
Uma bola de borracha
era arremessada no campo e as equipes deviam fazê-la atravessar um aro de pedra
cujo diâmetro variava entre 40 cm e 80 cm. O aro estava fixado na vertical a 2
m ou mais do solo (o aro de Chichén Itzá ficava a 6 m de altura!). Era proibido
usar as mãos e os pés. Os jogadores só podiam arremessar a bola usando as
coxas, os braços e os quadris. Assim que a bola acertasse o alvo, o jogo acabava.
Mas isso era demorado: podia levar horas ou até dias.
A bola
A bola era feita de
borracha cujo látex era extraído de seringueiras nativas das florestas
tropicais do sul do México. O látex era queimado e endurecido com a seiva de
ipomoea, uma trepadeira semelhante à dama-da-noite. Tamanho e peso variavam: em
sítios arqueológicos olmecas foram entradas bolas de 10 a 20 cm pesando cerca
de 1,5 kg. Já as bolas maias e astecas tinham 25 a 30 cm e pesavam 3 a 4 kg.
Os jogadores
Imagens pintadas em vasos
de cerâmica, relevos e estatuetas revelam detalhes sobre os jogadores. Eles
usavam proteções acolchoadas feitas de algodão nos quadris, joelhos, pernas e
antebraços. Peles de jaguar ou de veado pintadas em cores fortes e colocadas no
quadril davam uma proteção adicional. Em algumas ocasiões, os jogadores do jogo
de bola mesoamericano usavam máscaras e ornamentos na cabeça feitos de penas de
pássaro. Era um jogo extremamente violento. Eram comuns contusões, ferimentos
graves e até mortes causadas pela força e velocidade com que a pesada bola era
arremessada.
Sacrifícios humanos
Após o jogo de bola,
eram comuns, especialmente nas cidades poderosas, a realização de rituais de
sacrifício de uma das equipes. Os especialistas divergem sobre quem eram os sacrificados,
se os derrotados ou os vencedores e talvez isso mudasse conforme a civilização.
Entre os astecas, as crônicas coloniais do século XVI indicam que a equipe
vencedora era sacrificada. Segundo a cosmovisão asteca, era uma honra entregar
a vida ao Sol e acompanhá-lo em sua trajetória celeste junto aos guerreiros
mortos em batalha e as mulheres que morriam durante o parto. Entre os maias,
era costume os nobres inclusive o rei, disputarem o jogo de bola com
prisioneiros de guerra. Tratava-se de uma representação da vitória do combate e
tinha um desfecho predeterminado. No final, os prisioneiros eram decapitados ou
tinham seus corações arrancados. As paredes do grande campo do jogo de bola
mesoamericano de Chichén Itzá têm um relevo que mostra o líder vencedor
segurando a cabeça decapitada do líder adversário, que se encontra de joelhos
com o sangue jorrando de seu pescoço sob a forma de serpentes. Entre eles, a
bola com uma caveira, alusão ao costume de utilizar o crânio de um sacrificado
como núcleo para se fazer uma nova bola.
Significado do jogo
de bola mesoamericano
Arqueólogos e
historiadores concordam que o jogo de bola mesoamericano tinha uma conotação
ritualística mas ainda discutem o significado desse rito: cosmológico em alusão
ao movimento dos corpos celestes, mitológico segundo episódios míticos narrados
no Popol Vuh, religioso em homenagem aos deuses ou escatológico celebrando a
morte e o fim dos tempos ou de uma era. Os maias viam o jogo como uma guerra
entre os deuses de Xibalba, o submundo dos senhores da morte e doenças, contra
seus adversários terrenos. Para os astecas, o jogo representava uma batalha das
forças noturnas lideradas pela Lua e estrelas contra o Sol personificado pelo
Huitzilopochtli, o deus protetor. Os sacrifícios humanos tinham, assim, a
função de manter o sol iluminando a Terra.
Daí a importância do jogo para a manutenção da vida. Na fundação de uma
cidade, os astecas primeiro construíam o templo a Huitzilopochtli e, logo em
seguida, o campo do jogo de bola.
O jogo de bola
mesoamericano hoje
Uma forma de jogo de
bola asteca ainda é jogada na atualidade. Chamado de ulama, ele tem as versões
ulama cadera (a bola é arremessada pelo quadril) e ulama antebrazo jogado com o
antebraço e comumente por mulheres. Entre setembro e outubro desse ano será
realizada a Primeira Copa de Pok-ta-pok,
em Yucatan, México. As equipes serão formadas por 4 jogadores, todos das
regiões indígenas maias. O jogo acontecerá em uma quadra de basquete adaptada.
A área do campo, com 30 x 15 m, receberá um aro fixado a 2 m de altura. A bola,
feita de borracha e pesando 3 kg, só poderá ser arremessada pelo quadril e
pernas. Serão subtraídos pontos da equipe que infringir essa regra. O tempo de
jogo será de 30 minutos divididos em 2 tempos de 15 minutos cada mas, se algum
jogador conseguir acertar o alvo, será aclamado ganhador, independentemente do
tempo transcorrido ou dos pontos obtidos.

FONTE:
https://ensinarhistoriajoelza.com.br/jogo-de-bola-combate-mortal/ - Blog:
Ensinar História - Joelza Ester Domingues
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