O início da Idade
Moderna, na Europa, correspondeu ao momento em que novas práticas
tecnocientíficas e comerciais surgiam, possibilitando as chamadas Grandes
Navegações. Nesse período também ocorreu a formação dos Estados nacionais, que
buscavam, por meio do desenvolvimento dos mercados internos e da
comercialização colonial, fortalecer suas estruturas políticas
e econômicas. A essas
novas teorias e práticas, que orientaram as ações dos Estados europeus entre os
séculos XV e XVII, dá-se o nome de mercantilismo. Em geral, este previa a
intervenção contínua do Estado na economia, contribuindo desse modo para o
aumento do poder dos reis.
As ideias
mercantilistas consideravam que a prosperidade de um Estado dependia da riqueza
de seu território. Assim, era preciso garantir a entrada de moedas, o que
ocorria por meio da exportação de produtos manufaturados para outras regiões.
Os princípios gerais
do mercantilismo eram:
- metalismo – acúmulo de metais preciosos. A riqueza dos Estados baseava-se na quantidade de metais acumulados;
- balança comercial favorável – consistia em exportar mais do que importar. Na tentativa de obter maiores rendimentos, houve aumento da produção manufatureira voltada à exportação. Dessa forma, o comércio era a atividade mais privilegiada daquele período;
- protecionismo – aplicação de taxas elevadas sobre produtos importados, o que contribuía para evitar a concorrência de produtos estrangeiros e aumentar o consumo da produção interna;
- colonialismo – com a finalidade de aumentar as riquezas, as nações europeias deveriam possuir colônias para que pudessem explorar seus recursos naturais.
A expansão marítima
portuguesa
O Estado português
originou-se, no século XIV, a partir da união entre burguesia, nobreza e
realeza. Isso culminou na centralização do poder político nas mãos de um
monarca. A manutenção de um Estado centralizado exigia muito dinheiro para
sustentar as despesas com o Exército, a emissão de moedas e o pagamento de
funcionários públicos.
Portugal reunia
condições geográficas favoráveis ao pioneirismo ultramarino: litoral banhado
pelo Atlântico e correntes marítimas que facilitavam o distanciamento da costa
As inovações técnicas ligadas à navegação – como a invenção da caravela, a
incorporação de instrumentos de localização – como o astrolábio e a bússola –
trazidos do Oriente e a troca de experiência na Escola de Sagres, local em que
se encontravam navegadores e cartógrafos, foram imprescindíveis para o sucesso
das expedições.
As principais expedições portuguesas
O domínio da cidade
de Ceuta, um importante entreposto comercial no noroeste do continente
africano, marca, em 1415, o início da expansão marítima portuguesa. Os
resultados da conquista atenderam às expectativas de diversos segmentos
sociais: o rei estendeu sua esfera de poder político, a nobreza ampliou seus
domínios e a burguesia retomou o controle de antigas rotas que convergiam para
Ceuta trazendo ouro e produtos orientais e africanos.
As informações
trazidas a Portugal pelos navegadores foram, aos poucos, incorporadas aos mapas
e acabaram transformando o imaginário dos europeus em relação ao conhecimento
geográfico, o que levou ao questionamento de antigas certezas
No entanto, mudanças
na conjuntura mediterrânea interferiram no ritmo da expansão portuguesa. Em
1453, os turcos otomanos tomaram Constantinopla e dominaram o tradicional
centro distribuidor de mercadorias orientais e as rotas que as levavam até a
Europa. Tal acontecimento trouxe muitas dificuldades aos comerciantes genoveses
e venezianos, antigos no trato desse comércio. Assim, a descoberta de uma nova
rota que ligasse a Europa às fontes produtoras de artigos de luxo e especiarias
se tornou algo fundamental
Em 1488, Bartolomeu
Dias liderou a expedição que chegou ao extremo sul do continente africano,
contornando o local conhecido como cabo das Tormentas. Ao tomar conhecimento
desse feito, o rei português rebatizou o local, que passou a se chamar cabo da
Boa Esperança.
Em 1498, Vasco da
Gama chegou às Índias, confirmando o sucesso da opção portuguesa de viajar pelo
Atlântico. Navegando pela nova rota, os portugueses obtiveram muitos lucros e
garantiram o monopólio do comércio das especiarias. Essa exclusividade só foi
contestada quando outros países europeus também se lançaram à expansão
marítima. No final do século
XV, uma esquadra chefiada por Pedro Álvares Cabral partiu de Portugal com o
objetivo de reafirmar as relações comerciais e políticas com as Índias.
Entretanto, antes de chegar ao destino, a frota de Cabral ancorou, em 22 de
abril de 1500, na região do atual estado da Bahia, nas terras que mais tarde
receberiam o nome de Brasil.
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