O Fardo do Homem Branco




Tomai o fardo do Homem Branco Enviai vossos melhores filhos ide, condenai seus filhos ao exílio para servirem aos vossos cativos; Para esperar, com chicotes pesados O povo agitado e selvagem Vossos cativos, tristes povos, Metade demônio, metade criança.

Tomai o fardo do Homem Branco Continuai pacientemente ocultai a ameaça de terror E vede o espetáculo de orgulho; Ao discurso direto e simples, Uma centena de vezes explicado, Para buscar o lucro de outrem E obter o ganho de outrem.

Tomai o fardo do Homem Branco As guerras selvagens pela paz. Enchei a boca dos famintos, E proclamai o cessar das doenças E quando o vosso objetivo estiver próximo (O fim que todos procuram) Assisti a indolência e loucura pagã Levai toda sua esperança ao nada.

Tomai o fardo do Homem Branco Sem a mão de ferro dos reis, Mas o trabalho penoso de servos A história das coisas comuns As portas que não deveis entrar, As estradas que não deveis passar, Ide, construí com as suas vidas E marcai com seus mortos.
Tomai o fardo do Homem Branco E colhei vossa recompensa de sempre A censura daqueles que tornai melhor O ódio daqueles que guardai O grito dos reféns que vós ouvi (Ah, devagar!) em direção à luz: “Por que nos trouxeste da servidão, Nossa amada noite no Egito?”
Tomai o fardo do Homem Branco Não tentai impedir Não clamai alto pela Liberdade Para ocultar vossa fadiga Por tudo que desejai ou confidenciai Por tudo que permiti ou fazei Os povos soturnos e calados Medirão vosso Deus e vós.

Tomai o fardo do Homem Branco! Acabaram-se vossos dias de criança O prêmio leve ofertado O louvor fácil e glorioso: Vinde agora, procurai vossa virilidade Através de todos os anos difíceis, Frios, afiados com a sabedoria adquirida, O reconhecimento de vossos pares.

O Fardo do Homem Branco talvez seja o trabalho mais curto de Kipling. Mas aquelas sete estrofes, tornaram o poema emblemático e o mais criticado até hoje.

A mensagem era bastante simples: Kipling justificava o imperialismo não pela busca e exploração dos recursos naturais, mas sim como uma necessidade para levar a “civilização” aos lugares mais “atrasados” do planeta.

A línguas europeias, a religião cristã, as técnicas, a educação, a medicina e até mesmo noções de higiene deveriam ser levadas aos “selvagens”, isto é, os não-brancos. Este era o “fardo”, a missão difícil e pesada do homem branco “civilizado” para os “tristes povos, metade criança, metade demônio”.

O poema traduzia a mentalidade progressista do final do século XIX.  Apresentava uma certa generosidade em relação aos povos conquistados – “levar a paz”, “encher a boca dos famintos”, por fim às doenças e “levar a esperança ao nada” – o que, naquele contexto histórico soava como um eufemismo, uma idealização distante da brutalidade do que então ocorria nas colônias europeias da África e Ásia. As teorias do darwinismo social, da eugenia e do racismo científico forneciam justificativas à expansão imperialista.

O poema de Kipling passou a ser visto como um símbolo do imperialismo. Em resposta à sua publicação, missionários evangélicos e padres foram enviados a todos os cantos do planeta determinados a difundir o cristianismo a qualquer custo. Escolas sob padrão europeu foram abertas para ensinar a árabes, africanos, chineses e indianos a língua da potência imperialista. Estilos de vida e moda europeia foram introduzidos em todo planeta.

A partilha da África deixou um legado dramático que as nações africanas tiveram de lidar a partir da  segunda metade do século XX e que persiste ainda hoje. Estabeleceu fronteiras que não respeitaram grupos étnicos, que misturaram povos rivais ou separaram culturas. A monocultura, o trabalho forçado e o abandono da produção familiar provocaram subnutrição, fome e epidemias, destruíram as trocas internas no continente e deixaram os Estados africanos dependentes do mercado externo.


FONTES:

FERRO, Marc (org.). O livro negro do colonialismo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004


https://ensinarhistoriajoelza.com.br/o-fardo-do-homem-branco-exaltacao-do-imperialismo/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues 


1. Quem seria o “homem branco”? A quem ele se opõe?
2. Que palavras e expressões o poeta usa para se referir aos povos colonizados pelo
homem branco?
3. Como o “homem branco” é apresentado no poema?
4. Em que contexto histórico esse poema foi escrito?
5. Por que o autor denomina o imperialismo de “o fardo do homem branco”?
6. Qual era o “fim que todos procuram” (3ª estrofe)?
7. Em que ideias, crenças ou visão de mundo o poema se baseia?
8. Quais as consequências sociais resultantes desse pensamento?
9. Qual seria o fardo enfrentado pelos africanos que têm que lidar com os brancos europeus?

10. Faça uma breve pesquisa sobre o autor e destaque sua importância para a época.

Fazer a atividade bem organizada no caderno

PARA LER O TEXTO COMPLETO 










1 Comentários

  1. Atividade realizada pelo aluno: Luiz Gustavo do 8° ano
    1) O europeu, e se opõe a qualquer um que não seja, índio, negro, asiático.
    2) Escravos .
    3) Ele é apresentado como se fosse um rei.
    4) A escravidão.
    5) Os europeus consideravam a colonização da Africa como sendo um dever para o homem europeu, por isso o "fardo do homem branco".
    6) Sim.
    7) Da escravidão
    8) Desigualdade social,indiferença e racismo.
    9) Soberba,Inferioridade,miséria,desgosto,luta,crises,pobreza e tristeza.

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