O Menino que Queria Ensinar



Quando criança, eu jamais poderia imaginar que uma pergunta tão simples mudaria completamente o rumo da minha vida.

Lembro-me bem daquele dia, sentado na carteira de madeira da escola Reunidas, com o olhar curioso e os pés balançando no ar. A professora Jucelina Rodrigues, com seu tom acolhedor e seu sorriso que parecia conhecer o destino de cada um de nós, perguntou: "O que você quer ser quando crescer?"

Eu, filho de Dona Nita, uma mulher negra, mãe de oito filhos e dona de uma força que o mundo jamais poderia medir, ergui a mão e disse, sem hesitar: "Quero ser professor." Não sabia que aquela resposta inocente se enraizaria tão fundo no meu coração. Não sabia que, anos depois, eu carregaria esse sonho com o mesmo brilho no olhar que tinha naquele instante.

E agora, aqui estou eu, às vésperas do primeiro dia de aula. Amanhã, 06 de fevereiro, entrarei em uma nova sala de aula, repleta de olhares curiosos, dúvidas silenciosas e sonhos ainda sem forma. Sei que, entre aqueles alunos, talvez haja um que, sem saber, carregue em si o desejo de mudar o mundo pela educação. Sei que posso ser, para eles, o que a professora Jucelina foi para mim: uma ponte, um estímulo, um convite para sonhar.

Ser professor de História é um privilégio. É viajar pelo tempo, trazendo o passado à tona para que o presente faça sentido. É ver no brilho dos olhos dos alunos a descoberta de algo novo. É sentir que, mesmo em meio a tantos desafios, a educação ainda é a ferramenta mais poderosa para transformar vidas.

Meu compromisso com a educação é inabalável. Sei que a sala de aula não é apenas um espaço físico, mas um campo de possibilidades. Sei que cada aluno traz consigo uma bagagem única, e meu papel é ajudá-los a enxergar que suas histórias também fazem parte de algo muito maior.

E, no meio de tudo isso, minha maior inspiração sempre foi e sempre será Dona Nita. Minha mãe, mulher de luta e resiliência, que me ensinou que a educação é um tesouro que ninguém pode tirar. O amor que sinto por ela transcende palavras, pois foi com seu exemplo que aprendi que o conhecimento liberta e que os sonhos, por mais distantes que pareçam, podem se tornar realidade.

E se hoje estou aqui, é porque muitos professores acreditaram em mim. Meu muito obrigado a cada um que contribuiu para minha formação. Carrego um pedaço de cada um de vocês comigo

A você que lê esta crônica, que tem um sonho guardado no peito, eu digo: acredite. As palavras de uma professora mudaram meu destino, e hoje eu sei que as minhas também podem mudar o de alguém.

Que venha mais um ano letivo!


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